Motivação, o combustível humano

 
Paulo Cesar Uberti
Consultor de empresas e executivo do transporte de cargas e logística
 

 

 A motivação humana é um tema que os cientistas e pesquisadores vem estudando desde o final dos anos 20 e começo dos 30.
 Diversas correntes teorizam este assunto, porém quase todas trazem como base para sua estrutura a teoria de Maslow onde o indivíduo objetiva várias necessidades tais como: segurança, social, estima e auto-realização.
 Alguns autores conceituam a motivação como a força propulsora  para  as pessoas buscarem a satisfação onde todas as necessidades representam carência, por isto vão a busca da auto-realização, na grande maioria das vezes não buscam retorno material ou financeiro, mas sim, satisfação pessoal.
 Os estudos sobre a motivação têm por finalidade estabelecer relação entre as condições de trabalho, fadiga e monotonia entre os empregados. Algumas conclusões chegadas, provaram que a “atenção” dada ao trabalhador consegue influenciar na sua produtividade.1
 Outros autores dizem que a necessidade humana encontra-se na satisfação do próprio trabalho e que existem formas de “ser” do trabalhador e formas de “ver” o trabalhador, uma delas é quando o trabalhador não gosta de trabalhar e faz somente quando é competido, não gosta de assumir responsabilidade, não é ambicioso e busca somente sua segurança. Outra forma é quando o trabalhador sente-se bem trabalhando e busca atingir os objetivos e é criativo. Este tipo de trabalhador causa impacto profundo nos resultados da organização2.
Esta teoria nos mostra que a maneira de ver as pessoas na sociedade industrial não é somente como membros de grupos mas como verdadeiros indivíduos integrantes desta sociedade.
 Pesquisadores afirmam que a maior força motivacional para o homem encontra-se no interior do seu próprio trabalho. Estes fatores são responsáveis por motivar ou não  o indivíduo e o fato de existir uma boa supervisão, não é necessariamente um fator motivador3.
 Alguns fatores que sempre que considerados haverá motivação, são a realização, o reconhecimento, a responsabilidade e a possibilidade de crescimento da pessoa.
 O trabalhador que experimenta o sucesso, tende a repetir aquela atitude na espera de um novo sucesso. Um comportamento recompensado tende a ser repetido. Este conceito é importante para o trabalhador pois ele tem necessidades, e em função disto procura satisfazê-las4.
 
O comportamento humano é sempre orientado para resultados, as pessoas fazem coisas esperando serem recompensados em troca. O chefe tem obrigação de observar seus subordinados e saber questionar as condições oferecidas pela organização. O gerente está habilitado e é competente para facilitar os caminhos que levam ao alcance dos objetivos. Um gerente deve ter em mente que empregados e empresas tem interesses desiguais5.
 O trabalho tem importância crucial na vida do homem, ele é um meio de acumulação de capital, é o criador do homem e da sociedade. O trabalho é tão importante para o ser humano que  ele só se concretiza no ato de trabalhar.
 O trabalhador deve ter valores e opiniões e isto os motiva, pois vão atrás movidos pela motivação de atingir os objetivos e se afastam das coisas negativas. 
Alguns conceitos  ressaltam a importância do individuo como peça principal nas organizações e seu envolvimento total no sistema também deve ser considerado. O trabalhador visto na sua totalidade, ou seja, para motivar o empregado, a organização teria que dar ênfase no comportamento social dos mesmos, dar importância pessoal no trabalho, fazer um estudo individual. Os trabalhadores deveriam conhecer a respeito da organização dar opiniões quanto a parte administrativa e produtiva da organização6.
Este conceito considera os trabalhadores como indivíduos que se mostram motivados por conjuntos que guardam correlações entre si.
 Já outros conceitos dizem que o fracasso das empresas não está na falta de conhecimento técnico e sim como lidar com as pessoas, isso tudo devido a maneira como são tratados pela direção das empresas7.
 Alguns estudiosos comentam que não existe motivar sem complemento, nem todo indivíduo é motivado, depende de cada um, as pessoas já trazem dentro de si expectativas pessoais, e que a motivação vem do seguidor para o líder8.
 Chefes autoritários são incapacitados de conseguir um ambiente de trabalho motivador junto aqueles que trabalham normalmente propensos a criar, impedindo assim a descoberta de maneiras criativas no trabalho. Desta forma é muito comum encontrar pessoas que não estão satisfeitas com o que fazem e estes trabalhadores normalmente não são pessoas realizadas, nestes casos o emprego passa a ser somente um lugar para ganhar dinheiro.
 Outra razão da motivação está ligada por exemplo ao tema “aumento salarial” , assim conclui-se que o empregado fica mais motivado para o trabalho no final do mês, mesmo com premiações e participação de resultados, alguns estudos dizem que não houveram resultados esperados em termos de satisfação pessoal.
 Algumas teorias propõem que o trabalhador perceba a alta produtividade como o caminho que o leva aos seus objetivos pessoais9.
Enquanto algumas teorias psicológicas sobre motivação são baseadas no passado, as teorias conscientes vêem a motivação como antecipação do prazer futuro, desta forma, quando um indivíduo se engaja em determinada atividade espera ser reconhecido por seus méritos daí receber recompensas no sentido de fazer jus ao prazer de ser um bom trabalhador, semelhando-se às idéias de Taylor onde dizia que para motivar seria necessário obter uma sistemática de recompensa/punição. Os trabalhadores seguiam a risca tudo aquilo que estivesse previsto em troca desta recompensa, mas logo perceberam que estavam arriscando a sua própria segurança no trabalho.
 Ao estudar a motivação, seria de grande interesse conhecer os objetivos dos trabalhadores, “estimular”, “ou provocar” a motivação por meios de recompensas. Quanto mais se recompensasse o esforço seria maior. Entende-se assim que a motivação seja um impulso que venha de dentro e que tem, portanto suas fontes de energia de cada pessoa. Não é difícil perceber que as pessoas consagram mais tempo às atividades para as quais estão motivadas quanto mais motivação houver com relação a atividade, menos as pessoas vêem o tempo passar, ao contrário se há falta de motivação, o dia de trabalho parece longo demais. O mais importante é conhecer o que motiva, em lugar de investigar como se dá o comportamento motivacional. A motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa e que está ligada a um desejo.
É importante saber que nada se pode fazer para conseguir motivação de uma pessoa a não ser que ela esteja predisposta para tanto.
 Nem o próprio indivíduo consegue interferir no processo de motivação, diz Freud, o comportamento motivacional caracteriza-se por motivos que são perseguidos em dados momentos, mas que devem ser atendidos como o resultado de toda uma história interior da vida, quando se fala em motivação, o mais adequado é aquela que analisa o ser humano vivendo e interagindo com seu meio ambiente. Freud valoriza e considera, de maneira científica, aquilo que passa a ser chamado de conteúdo psíquico, pelos acontecimentos vividos que ficam retidos no psiquismo de cada um.
Na busca da lógica entre os fatos já vividos pelo indivíduo, a teoria psicanalítica chega a descoberta que possui importância na personalidade adulta. É assim que se passa a entender que os motivos atuais têm ligação com a história da vida anterior. As motivações humanas são concebidas como fruto da vivência anterior, Freud considera como maior e mais importante o inconsciente10.

Para compreender melhor a dinâmica motivacional, é necessário conceituar de forma mais precisa, aquilo que se considera como personalidade.  
O conhecimento da própria identidade de cada indivíduo que se possui a respeito dos organizadores do comportamento motivacional leva normalmente a uma sensação de conforto pessoal, que contribui para valorização positiva que cada um faz de si.
 A verdadeira motivação representa, portanto um desejo natural das pessoas que se engajam nas atividades deste trabalho por amor a ele mesmo, tendo em vista a satisfação que ele pode oferecer. As pessoas precisam de trabalho uma vez que atendem as necessidades financeiras.
Trabalhar, produzir, ao fazer uma obra útil representa uma afirmação da própria liberdade e identidade.
Muito já foi dito e discutido sobre o tema motivação, porém, se ainda existe interesse sobre o assunto é porque acredita-se que ainda a algo a ser desenvolvido, a ser aprendido, questionado, ser aceito ou rejeitado sobre este polêmico assunto.
  As pessoas não são motivadas por outras pessoas, o que pode haver é uma estimulação ou incentivo, sendo que a motivação vem de dentro da pessoa.
Existem empresários que ainda acreditam que o salário é quem traz motivação ao passo que salário é simplesmente um meio de contratar ou reter o trabalhador e que mesmo um excelente salário em pouco tempo é absorvido pelo orçamento passando em seguida a ser algo rotineiro.
É importante acreditar que o que realmente traz a satisfação é quando a pessoa consegue perceber em seu ambiente organizacional a possibilidade de crescimento profissional e pessoal, onde possa adquirir conhecimento/aprendizado, ter a oportunidade de assumir responsabilidades e principalmente ter o reconhecimento necessário para sentir-se peça importante no cenário de sua organização e usar isto como combustível para conquistar o seu espaço de felicidade tão desejado, chamado motivação.

1 Paulo César Uberti Pereira – Gestão de RH
2 Mac. Gregor – pg 35
3 Herzberg – pg 35
4  Skissner – pg 36
5 Vromm e Rotter – pg 37
6 Elton Mayo – pg 21 e 22.

7 Glasser – pg 32 e 33.
8 Levy – Leboyer – pg 27, 78, 82, 83, 84, 85, 142, 143.
9 Nahoney  e Georgopo – pg 64 a 70.
10 Freud – pg 143

 

Bibliografia
AGUIAR, Maria Aparecida Ferreira. Psicologia Aplicada a Administração: uma introdução à psicologia organizacional. 2º Ed. São Paulo: Atlas, 1988. cita: Freud, Herzberg.

MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos do Operacional ao Estratégico. 9º Ed. São Paulo: Futura, 1999. cita: Mac. Gregor, Herzberg, Skissner, Vromm e Rotter,

BERGAMINI, Cecília Whitakaer. Motivação nas Organizações. 4º Ed. São Paulo: Atlas 1997. cita: Elton Mayo, Levy – Leboyer, Nahoney  e Georgopo, Glasser.